Este trabalho trata do ensino de literatura inclusivo, preocupado com a inclusão dos direitos humanos nos currículos, no que diz respeito às questões de gênero, etnia e diversidade sexual. Trata-se de experiências percebidas e praticadas em aulas de Literatura Pós-Colonial, disciplina optativa do curso de Graduação em Letras-Inglês, da Universidade Federal da Bahia. Os alunos já haviam cursado todas as disciplinas de Literatura Inglesa e Norte Americana, e o enfoque da disciplina era buscar a visão das comunidades invisibilizadas por valores e práticas hegemônicas. A disciplina inicia com a apresentação e discussão da teoria pós-moderna (MIGNOLO, 2003; HALL, 2003), que nos permite ressignificar o conceito de cânone e de texto literário. Em seguida, analisamos a relevância das histórias de vida de escritores e escritoras excluíd@s como uma prática pedagógica inovadora, visto que segundo Milton Santos (2000) e Boaventura de Souza Santos (2004 apud MOITA LOPES, 2008), as alternativas estão no sul. Finalmente, apresentamos um modelo de análise de obra literária que serve aos propósitos teóricos iniciais. A metodologia constitui-se de um recorte das aulas sobre literatura e questões de gênero (BUTLER, 1990), a partir do estudo da obra A cor Púrpura, de Alice Walker (1989). Na tentativa de descrever traços de feminismo e homoerotismo como identidade performativa de resistência, tomamos como base os fatores socioculturais que caracterizavam o sul dos Estados Unidos de 1909 para questionar como surge a representação simbólica feminina de Celie, uma jovem de quatorze anos, negra e pobre que através do sofrimento toma consciência de sua existência e das possibilidades que o mundo lhe oferece. O desenvolvimento das aulas aponta para o poder transformador da literatura se sobrepondo ao estético, onde novos olhares e novas experiências se confrontam com a ficção, propondo novas ações no mundo.