A liderança feminina exercida nas comunidades quilombolas tem sido alvo de análises em produções acadêmicas, havendo um crescente debate acerca da ancestralidade dessas mulheres e do exercício da liderança sócio-política que as mulheres exercem nas referidas comunidades. Nesse contexto, objetivamos discutir sobre esta liderança, no estado da Paraíba, e sobre a formação e dimensão educativa dessa liderança na comunidade quilombola, do Grilo-PB. Para tanto, teoricamente operamos aproximações com Munanga (1996), OYĚWÙMÍ (2000, 2004) e Diop (2014), que apresentam perspectivas epistemológicas africanistas, se contrapondo às eurocêntricas que, frequentemente, impõem barreiras para a compreensão de lugares de liderança das mulheres. Metodologicamente nos balizamos na pesquisa bibliográfica e História Oral, conforme Alberti (2004). A partir desses lugares teórico-metodológicos, nossas aproximações conclusivas direcionam-se para a percepção de que o modo como as mulheres quilombolas construíram experiências liderança comunitária baseiam-se em elementos da matrilinearidade, advindos da organização sócio-política da África Tradicional, da qual as comunidades quilombolas são herdeiras, tal aspecto cultural apresenta uma clara dimensão educativa transmitida com base na ancestralidade historicamente presente no seio das comunidades quilombolas.
Palavras-chave: Mulheres Quilombolas. Liderança feminina. Matrilinearidade.