A prostituição é a prática acessível, regrada e consciente da negociação/troca do corpo por dinheiro ou por outra compensação financeira e/ou material, com a possibilidade de infinitos parceiros e de experiências sexuais diversas. Concebida como um “mal necessário”, a prostituição encontra na expressão “a profissão mais antiga do mundo” uma forma de naturalizar esse ofício e reafirmar o domínio do homem sobre a mulher, enfatizando que os corpos femininos sempre estiveram à disposição dos seus consumidores – os homens. Sob a ótica moralista e excludente, a prostituição passa a ser considerada como desvio de pessoas doentes que não se adequam ao padrão e às normas vigentes. Compreendido dessa maneira, o exercício do meretrício parece apagar outros papéis sociais executados pelas prostitutas noutras esferas, como a maternidade e o casamento. Sabemos que a mulher que se prostitui não se reduz ao sexo; ela tem direito à cidadania e ao respeito tanto quanto as demais mulheres da sociedade, independentemente da profissão que exerçam. Sendo uma prática complexa e milenar e considerada por muitas mulheres como exploração sexual, a prostituição divide a opinião de feministas, sobretudo quando se observa que sobre as prostitutas recai o peso da estigmatização, do confinamento e desprezo. Nesse contexto, este trabalho tem como objetivo tecer algumas considerações em torno da prostituição feminina e das causas que levam a mulher a se prostituir, destacando o pensamento de algumas feministas sobre a comercialização do corpo. Para tanto, fundamentamos as nossas reflexões nos aportes teóricos de Beauvoir (1980), Legardinier (2009), Pheterson (1996), Pereira (1976), Rago (2008), entre outros.