O modelo tradicional de educação ainda amplamente presente nas práticas pedagógicas na Educação de Jovens e Adultos no Brasil não favorece a emancipação humana e transforma os aprendizes em autômatos, massa amorfa destituída de vontade e de criticidade. Nesse estado permanente de menoridade, os indivíduos não conseguem romper as barreiras sociais e culturais, seguindo tutelados pela vontade alheia o que impede a superação de classes e de estereótipos. A conjugação de fatores intrínsecos e extrínsecos à educação escolar não favorece a identificação desses jovens e adultos com a escola e, consequentemente, não lhes dota de mecanismos eficientes para construção da autonomia, necessária a sujeitos que estão em permanente diálogo com mundo, que se inserem nele e agem para transformá-lo. Nesse sentido, as particularidades do aluno da EJA exigem do professor uma prática pedagógica comprometida com a transformação pessoal, social e política daqueles que já trazem consigo vasto conhecimento do mundo e carregam as marcas da exclusão social. Não se trata, porém, de doação ou de transferência de conhecimentos sistematizados, mas de um processo de conscientização que leve o sujeito a reconhecer e superar suas interdições, deslocando-o para o centro de sua história. Mais do que assegurar a esses jovens e adultos o retorno à escola, é preciso assegurar-lhes o exercício pleno do direito à educação como ferramenta de desenvolvimento humano, razão por que o presente artigo busca analisar a dicotomia presente entre a teoria e a prática nessa modalidade de ensino, como forma de contribuir para uma educação inclusiva e transformadora.