O contemporâneo apresenta grande desafio a infância, assim como foi em outros tempos em que não era socialmente reconhecida. Dada à importância de refletir e viabilizar o lugar da criança na educação e na sociedade foi feito neste estudo uma revisão bibliográfica que tem como objetos de pesquisa: o brincar, a medicalização e a criança na clínica psicanalítica infantil. Teve como objetivo geral compreender e discutir o fenômeno da medicalização e do brincar, na clínica psicanalítica infantil, considerando a relação sujeito-objeto neste contexto. Para alcançar o que se é proposto, buscou-se contextualizar a infância a partir de instâncias que olham por ela, mas que não a enxergam como sujeitos; verificar, a partir de estudos existentes na literatura científica, as implicações da medicalização na vida das crianças e destacar a importância do brincar no mundo infantil como significativo recurso de inclusão. As discussões foram feitas a partir de algumas questões norteadoras, tais como: Se diz que a infância é a “idade da felicidade”, onde está ela agora? Qual o lugar que o brincar tem assumido nesse contexto? O que na verdade está sendo medicalizado? É visto que assim como a medicalização, o brincar é uma forma de tratamento, porém possuem diferenças significativas à medida que a medicalização é totalmente ofensiva e produz segregação para quem dela faz uso, e o brincar promove a saúde psicossocial e a inclusão. A medicalização transforma sujeitos em objetos, sujeitando estes a saberes que falem por si, levando ao real uma condição de não falantes. O brincar, por sua vez, tem efeito contrário, resgatando crianças, fazendo-as se implicar na sua própria história. Assim, a clínica psicanalítica infantil propicia esse espaço de reconhecimento de si através do brincar, brincando a criança não precisará ser medicalizada.