Desde a segunda metade do século XX, vem sendo utilizado o termo “etnociência” para designar os conhecimentos de populações tradicionais, especificamente suas classificações, a respeito dos fenômenos naturais. A popularização da etnociência permitiu a ação de várias disciplinas e áreas do conhecimento científico no sentido de interessarem-se pelo conhecimento das populações tradicionais, propondo sempre uma conexão entre os seus conhecimentos científicos curriculares e o conhecimento do homem comum. A Geomorfologia, por apresentar íntima relação com o ser humano em seu cotidiano, torna possível a utilização de ferramentas que aproximem a realidade do dia a dia das pessoas à linguagem científica, o que acabou por se denominar, a partir de estudos recentes, na área, de “etnogeomorfologia”. No entanto, é necessário que se reconheça o exercício educativo como sendo o elo que possibilita esta ligação, uma vez que o uso da etnogeomorfologia em sala de aula proporciona uma aprendizagem significativa, levando o aluno a apreender de forma prática os conhecimentos geomorfológicos, a partir de suas próprias experiências e ações. O presente trabalho propõe a utilização da etnogeomorfologia como uma possibilidade didática no ensino de Geomorfologia, na intenção de promover uma alternativa pedagógica que aproxime o conhecimento científico tradicional ao conhecimento popular e ao cotidiano das pessoas. Para isto foi desenvolvida uma extensa revisão bibliográfica sobre os temas em questão e formulada uma metodologia tendo como finalidade apresentar a etnogeomorfologia como uma proposta didática a ser usada em sala de aula em nível universitário, no ensino de Geomorfologia, e na Educação Básica, no ensino do relevo. Reconhecemos a carência de estudos ligados ao tema e esperamos servir como base para futuros trabalhos na área da educação.