A educação pública surgiu para atender as necessidades da burguesia dentro de uma forma de sociedade que surgia com o fim dos feudos. As mudanças nas relações do mercado de trabalho mostraram ter um impacto profundo na instituição escolar. O conhecimento passou a ser transmitido de forma a se adequar ao modo de produção capitalista. No Brasil, a educação pública começou a ser esquematizada efetivamente nos anos 1930. O processo de definição de diretrizes educacionais esteve por tempos envolvido em disputas de forças hegemônicas, entre elas, do setor privado. Se por um lado temos uma busca por uma educação que visa uma formação humana e emancipadora, por outro lado temos um crescente investimento e interferência do mercado na formação tecnicista, como por exemplo na Política Nacional de Educação Digital (PNED). Esta apresenta uma perspectiva de formação cidadã inclusiva, mas focada na inserção dos cidadãos no mundo digital de modo estritamente capacitador. Um projeto educacional deve promover o desenvolvimento coletivo, e não apenas o individual. Para que haja uma sociedade tecnologicamente avançada na disposição de acesso e compreensão democráticos e igualitários é necessária uma visão pedagógica que aborde a utilização e a funcionalidade da tecnologia por meio das linguagens artísticas. Uma pedagogia do cinema proporciona um processo de ensino-aprendizado catártico por meio do reconhecimento e valorização das características de cada estudante. Possibilita-se uma avaliação emancipadora a partir do dinamismo entre a criação coletiva artística e as possibilidades pedagógicas do inesperado. A abordagem pedagógica do cinema estimula o aluno a postular seu pertencimento a uma estrutura sociocultural como criador, transmissor e receptor de conhecimento, sob a perspectiva de uma prática midiática artística. Desse modo, pode-se promover uma apropriação consciente e transcendente das tecnologias de informação e direcionar um caminho estrutural para uma cidadania digital com base em uma igualdade social.