Em uma sociedade plural como a brasileira, onde cada vez mais as questões relacionadas à classe, raça, gênero e sexualidade se fazem presentes nos debates políticos e pesquisas, a educação tradicional importada da Europa séculos atrás se vê limitada, não sendo capaz de atender estas demandas atuais, e em muitos casos contribui para manutenção dos preconceitos em relação a estes grupos. Tanto Paulo Freire com a Pedagogia do Oprimido, como Augusto Boal com a Estética/Teatro do Oprimido pensaram em formas de combater a opressão, cada um partindo de sua área de atuação. Neste contexto, o Teatro Pobre de Grotowski pode ser pensado como um possível caminho para auxiliar no desenvolvimento dos educandos em prol de uma educação autônoma, libertadora e decolonial. O objetivo geral é refletir sobre a relação entre as possíveis contribuições que as estéticas teatrais abordadas podem promover para uma educação autônoma, libertadora e decolonial. Dessa forma são propostos como objetivos específicos: a) conceituar o Teatro Pobre refletindo sobre os elementos essenciais; b) ampliar/aprofundar a perspectiva do Teatro Pobre a partir do diálogo com outras estéticas teatrais; e c) de que forma o Teatro Pobre em diálogo com a Pedagogia/Estética do Oprimido pode ser um caminho que contribui para uma educação autônoma e libertadora. Este trabalho se fundamenta no que diz respeito às estéticas teatrais em autores como Boal (2009), Grotowski (1992) e Barba (2010). Em relação à educação, o principal autor é Paulo Freire (2018). O teatro pensado por Grotowski busca o pleno desenvolvimento do ator, trabalhando o físico, o emocional, o psicológico, a espiritualidade e questões profundas, sejam elas individuais ou não. Este é um caminho possível para que em diálogo com a Pedagogia/Estética do Oprimido se possa lograr uma educação autônoma e libertadora a partir do desenvolvimento integral dos educandos.