Este artigo apresenta uma leitura da novela A árvore que dava dinheiro, de Domingos Pellegrini, e tem por objetivo analisar a noção de felicidade atrelada ao dinheiro na referida novela a partir da teoria literária de orientação marxista. Entendendo-se a literatura como uma forma de humanização, conforme considera Antonio Candido, neste trabalho intenciona-se estabelecer uma relação entre a obra literária e a formação do sujeito através da discussão sobre o processo de alienação social pelo dinheiro na obra em estudo. Objetiva-se, também, analisar como este processo está representado na narrativa, conduzindo os personagens a buscarem, obstinadamente, a autorrealização através da súbita ascensão econômica. Nesta perspectiva, o desenvolvimento da pesquisa teve como aporte teórico os estudos dos autores: Bauman (2009), Berman (2007), Candido (2011), Fromm (1983), Lipovetsky (2007), Lukács (1989), Marcuse (1981) e Marx (2013). Verificou-se que os personagens da novela A árvore que dava dinheiro representam a alienação social decorrente do dinheiro, a qual é fortemente constatada na civilização ocidental capitalista. Com efeito, a narrativa reforça este aspecto ao mostrar como o maior poder de compra transforma a vida outrora modesta destes personagens. Assim, estes são instigados a consumirem desenfreadamente como forma de atender aos seus apelos hedonistas e alcançarem a felicidade. Todavia, esse ideal de felicidade permanente é inatingível ao ser humano, tendo em vista seu caráter nato de incompletude e insatisfação, que se configura na obra em estudo por meio da experiência dos personagens, cujo desejo contínuo de ter mais dinheiro e acessar novas experiências que lhes proporcionem prazer revela o caráter alienante do capitalismo, aspecto que a obra literária desvela e desmistifica, comprido assim a sua função humanizadora, conforme a formulação de Antonio Candido.