A proposta deste texto é apresentar um panorama biográfico e crítico-literário do escritor Euclides da Cunha, que nasceu em Cantagalo, Rio de Janeiro, em 1866, e morreu em 1909 em um conflito com um militar. Sua curta trajetória foi marcada por aproximações e deslocamentos, especialmente quando assumiu o papel de correspondente do jornal "Estado de São Paulo" para cobrir a Guerra de Canudos, na Bahia. Cinco anos após o conflito, lançou "Os Sertões", livro que o projetou mundialmente ao discorrer sobre o evento trágico ocorrido em Canudos/Belo Monte entre os anos de 1896 e 1897, que culminou com o massacre total de uma população pobre e desassistida. Euclides ganhou notoriedade, mas também inimigos implacáveis ao denunciar as atrocidades cometidas contra a população canudense. As ideologias republicanas e positivistas do escritor entraram em choque com a realidade encontrada no sertão baiano. Por um lado, o jornalista e ex-militar precisava defender os interesses dos patrões republicanos; por outro, Euclides da Cunha viu suas teorias ruírem diante do quadro de miséria e massacre da população sertaneja. Nesse conflito interno, ele precisou lidar com suas diversas facetas: escritor, botânico, historiador, engenheiro, jornalista, pesquisador, cartógrafo, intelectual e, inclusive, esposo traído pela esposa com um militar. Os resultados previstos nos levam a inferir sobre a complexidade da pesquisa acerca do escritor Euclides da Cunha, bem como os diferentes diálogos de sua principal obra com outros livros que surgiram posteriormente. Este texto se fundamenta nas teorias de Michel Foucault, Silviano Santiago e Walter Benjamin no que tange ao discurso sobre autoria, além das contribuições de Walnice Galvão, Léa Dias e José Calasans na pesquisa sobre Euclides da Cunha e "Os Sertões".