Esta pesquisa teve como objetivo analisar as disposições adquiridas durante o período escolar que contribuíram na relação com a escrita de estudantes ingressantes no Curso de Pedagogia da Universidade Federal do Ceará. Como principais fontes teóricas, utilizou-se a noção de relação com a escrita de Barré-De Miniac (2002; 2006) e os conceitos de habitus, campo e capital cultural de Bourdieu (1993; 2001; 2004; 2008). Como metodologia, utilizou-se a abordagem qualitativa, com traços da pesquisa (auto)biográfica, através das seguintes técnicas de construção de dados: balanço do saber (Charlot, 2009) e entrevista semiestruturada. Os sujeitos desta pesquisa foram quarenta estudantes recém-ingressos na universidade tanto ao longo do primeiro semestre do curso como depois que o já tinham concluído. A análise dos dados permitiu concluir que os habitus de escrita dos estudantes estão direcionados às relações sociais e de poder advindos do campo familiar e escolar, a partir dos quais eles concebem a escrita, na grande maioria das vezes, como um dom ou domínio de uma técnica, fazem diferenciação entre “escrita para si” e “escrita para o outro”, quanto ao rigor das regras da norma culta da língua. No estabelecimento das ligações teóricas da relação da escrita e do habitus, concluiu-se que na perspectiva desta pesquisa, as disposições que compõem o habitus - modos de sentir, agir e pensar – (Bourdieu, 1993; 2001; 2004; 2008) geram as dimensões da relação com a escrita - investimentos, representações/concepções e atitudes – (Barré-De Miniac, 2002; 2006) dos estudantes participantes.