A crônica surge no Brasil na segunda metade do século XIX como folhetim no rodapé dos jornais. O futebol começa a receber maior cobertura da imprensa no país com a realização do Campeonato Sul-Americano de Futebol realizado no Brasil em 1919. As crônicas, em específico as de futebol, ganham espaço na imprensa do Rio de Janeiro a partir da profissionalização do futebol na então capital da República em 1939. A crônica de futebol adquire papel fundamental na difusão do esporte que se tornaria o mais popular do país e passa então a desempenhar uma função significativa na interseção entre Jornalismo e Literatura. Neste artigo, vamos apresentar a crônica de futebol como gênero, a princípio jornalístico e, posteriormente, literário, tendo em vista que os textos dos cronistas de futebol, publicados em jornais, ganharam antologias que transformaram os cronistas de futebol em escritores. A partir da concepção da paratopia do autor teorizada pelo analista do discurso francês Dominique Maingueneau, estudamos nesta pesquisa os textos de cronistas de futebol, em especial do município de Campos dos Goytacazes-RJ, a citar do jornalista e escritor campista Péris Ribeiro, autor de uma das primeiras biografias de jogador de futebol no Brasil, o livro Didi: O Gênio da Folha Seca, que teve sua primeira edição publicada em 1993. Analisamos a linguagem anacrônica utilizada por estes cronistas de futebol, que recorrem com frequência ao passado como se estivessem deslocados do tempo em que vivem. Eles têm seus discursos saudosistas analisados dentro de seus contextos histórico, político, ideológico, social e cultural, sendo consubstanciados na Análise do Discurso Francesa, no campo literário e na ideia de paratopia temporal em Maingueneau (2005). Entre os resultados esperados, objetivamos a aplicação em sala de aula de uma sequência didática do gênero textual crônica de futebol com alunos de ensino médio.