A compreensão do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) como uma psicopatologia do neurodesenvolvimento possibilita antevisões de como sua sintomatologia pode se desenvolver ao longo do tempo, e como múltiplos fatores de risco nas áreas biológica, psicológica, social e familiar impactam em tal desdobramento. O presente trabalho foi motivado pela experiência da autora enquanto profissional do Sistema de Garantia dos Direitos da Criança e do Adolescente (SGDCA), em parceria com a Rede Municipal de Educação de Jacaraú – Paraíba, considerando a incidência dos casos de estudantes com o referido diagnóstico. Teve-se como objetivo discutir as principais implicações da disfuncionalidade familiar no estudante diagnosticado com TDAH e, em contrapartida, os desafios do transtorno para os cuidadores, justificando-se pela relevância sociofamiliar e educacional do tema. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, na qual foram pesquisados artigos científicos publicados nos últimos 05 anos, nas bases de dados virtuais Biblioteca Virtual de Saúde (BVS) e Scielo, tendo sido levantados 40 estudos. Os resultados encontrados confirmaram os efeitos mútuos existentes entre os déficits do TDAH em crianças/adolescentes e o ambiente familiar, especialmente em modelos disfuncionais, permeados por violações de direitos e por uma reduzida qualidade de vida dos sujeitos. Esse sinergismo estabelece que os aspectos sociofamiliares são considerados preditores importantes para a avaliação do curso, evolução do transtorno e das dificuldades presentes nas funções executivas, contribuindo, portanto, para as adversidades no ambiente. Algumas das repercussões dessa problemática foram encontradas no estresse, na impaciência, no desconhecimento sobre o assunto, na culpa, na inacessibilidade de tratamentos apropriados, no estigma, e isso percorre desde a descoberta do diagnóstico até o ponto em que os pais e a criança começam a ter um entendimento adequado da situação.