A escola, local de formação científica, profissional e cidadã, se configura como uma instituição social que potencializa o crescimento cognitivo e sociocultural de alunos e alunas. No contexto dos anos iniciais do Ensino Fundamental (1° ao 5° ano), os livros paradidáticos, recursos pedagógicos utilizados em sala de aula para auxiliar no processo de ensino-aprendizagem, se constituem como materialidades didáticas que estimulam esses aspectos. No entanto, podemos notar a presença de discursos heteronormativos nesses materiais, implícitos em textos e imagens, apontando para o que é considerado normal socialmente, em termos de sexualidade e gênero. Desse modo, esse trabalho objetiva analisar os discursos heteronormativos em livros paradidáticos dos anos iniciais do Ensino Fundamental. O estudo é de abordagem qualitativa educacional documental e através das análises de conteúdo do discurso foi possível construir duas categorias: Representação de Papéis de Gênero e Concepções de Sexualidade, no qual os discursos foram problematizados por meio do campo teórico-metodológico dos Estudos Culturais em Educação numa perspectiva pós-estruturalista. Os resultados evidenciam que os livros paradidáticos analisados funcionam como instrumentos para a manutenção da norma heterossexual no contexto escolar, uma vez que, os trechos e ilustrações reunidos, descartam representações discursivas de gênero que fogem à binaridade comumente difundida de masculino e feminino. Nesse processo, também notamos a ausência de menções às diversas formas de afeto, refletindo a concepção de manifestações centradas em um único padrão, no qual desconsidera a pluralidade de expressões identitárias.