As desigualdades resultantes das relações de poder econômico, político e sociocultural constituem-se nos principais fatores de vulnerabilidade social, cujo impacto é maior nos sujeitos que estão em desenvolvimento. Neste trabalho, tem-se por objetivo analisar o desempenho escolar de adolescentes em situação de vulnerabilidade social e discutir a sua relação com a garantia do seu direito à aprendizagem. Trata-se de um estudo de abordagem mista explanatória, que articulou pesquisa e extensão. Os indicadores quantitativos foram coletados no banco de dados de um projeto de extensão, desenvolvido numa cidade de porte médio do sul do Brasil. O desempenho em habilidades básicas de leitura, escrita e matemática foram avaliados por testes psicopedagógicos. Selecionaram-se os registros de dois grupos: G1 – 746 sujeitos, totalidade de alunos de 2 escolas públicas, avaliados em 2019; e G2 – 112 sujeitos atendidos em medidas socioeducativas e de proteção, avaliados de 2017 a 2023. Os resultados indicaram desempenho muito inferior aos índices padronizados nos testes de leitura e matemática na média do G1 e para grande maioria do G2. Os indicadores apontaram que 40% dos adolescentes do G1 e 23,96% do G2 não conseguem ler frases simples, não atingiram o nível alfabético da escrita ou apresentaram desempenho muito inferior em relação aos resultados dos colegas da sua própria escola e do ano escolar. Embora os aspectos analisados sejam restritos frente à complexidade da aprendizagem escolar, a limitação dos testes e as diferenças entre as amostras, a análise forneceu indicadores de baixo desempenho em habilidades básicas que implicam na aquisição de conhecimentos de diversas áreas e no acesso à ampla participação social. Este comprometimento demonstra que, embora o acesso à educação seja concedido, os direitos fundamentais à educação, à aprendizagem e ao desenvolvimento durante a infância e adolescência não estão sendo negligenciados.