Este estudo analisa as relações entre professores, alunos e intérpretes de Libras em salas de aula comuns. O objetivo deste trabalho é destacar a maneira como os binômios funcionam: professor-aluno surdo, professor-intérprete, aluno surdo-intérprete e aluno surdo-aluno ouvinte, quando o conhecimento matemático está em jogo. Os dados utilizados provêm de uma tentativa de modelar as assimetrias no sistema didático central quando o intérprete de Libras está presente em uma aula de matemática. A pesquisa foi realizada em um Instituto Federal de Educação da Paraíba e teve como foco a aula de matemática sobre o conjunto dos números naturais. Utilizando a Teoria das Situações Didáticas de Guy Brousseau, os resultados mostraram que a presença do intérprete de Libras causou tensões nos papéis dos atores envolvidos na gestão do conhecimento matemático. Os contratos de comunicação convergiram para uma relação didática em que as responsabilidades do professor e do intérprete são colocadas em questão. Essa análise é relevante para a discussão sobre o funcionamento dos sistemas didáticos no contexto da inclusão de alunos com deficiência em classes comuns. Isso inclui considerar as especificidades dos alunos em relação à deficiência, transtornos globais, superdotação e vulnerabilidade social. Os resultados desse estudo podem fornecer um ponto de partida para futuras pesquisas sobre os fenômenos didáticos nesse contexto inclusivo.