O léxico complexo e multifacetado da Libras contrasta com a seguinte vicissitude a ser considerada por parte da comunidade surda: a necessidade da produção e do registro de sinais, os quais venham, futuramente, dar conta dos inúmeros referentes da realidade circundante. Nesse sentido, não raras vezes, os surdos recorrem a estratégias imprescindíveis à comunicação, fazendo uso de sinais já consolidados em outras línguas visuais e adaptando vocábulos de outras partes do país. Considerando essa conjuntura observada, esta investigação se propõe a analisar uma categoria particular, qual seja, a dos empréstimos linguísticos. Para tanto, ancora-se numa metodologia qualitativa de base interpretativista. Em síntese, serão analisados sinais de diferentes regiões brasileiras, bem como sua implementação em novos cenários. O corpus é composto dos sinais BACHARELADO, DIÁRIO OFICIAL, RIO GRANDE DO NORTE, SANTA CATARINA e DISTRITO FEDERAL. Como fundamentação teórica, recorre-se aos pressupostos do Círculo de Bakhtin e às discussões contemporâneas dos Estudos Surdos — tal problematização se dá a partir do arcabouço epistemológico da Linguística Aplicada. O estudo empreendido aponta para uma adequação vocabular com foco na construção de sentido. Na busca por retratar determinados objetos do mundo, os enunciadores apelam para um ajuste morfológico, sintático e, sobretudo, semântico, levando em conta as especificidades contextuais dos lugares.