O presente trabalho consiste em um relato de experiência de dois estudantes de psicologia, bolsistas do Projeto de extensão Fundão Biologia Na Fronteira da Diferença, da Faculdade de Educação da Universidade Federal do Rio de Janeiro. As ações de formação são oficinas sobre gênero, sexualidade e raça voltadas para professores e estudantes de escolas públicas do Rio de Janeiro, tendo os estudos queer como referencial teórico para sua organização e produção. Este relato busca, assim, a partir do nosso desempenho no papel de extensionistas, descrever e refletir como nos permitirmos sermos afetados pelo que nos deparamos nessas oficinas; seja os professores confusos com terminologias que lhes são novidade, alunes que estão experimentando processos de identificação e contam com nossa ajuda para essa navegação, e até mesmo as violências de gênero e de sexualidade e os relatos de abuso sexual por parte desses alunes. Uma vez que manejar a abertura e desenvolvimento desse diálogo é justamente o objetivo de trabalho nas escolas, para que os participantes possam se abrir a novas possibilidades de reflexão e ação no mundo intra e interpessoal, nós também nos abrimos as novas possibilidades que nos impactam como sujeitos e como profissionais da Psicologia, na medida em que estamos na esfera educacional e construímos em grupo um espaço de diálogo horizontal, de maneira em que podemos ter um outro olhar para a realidade social do sistema público de ensino e para a juventude da geração atual.