Nas últimas três décadas, a palavra empregabilidade vem sendo difundida em uma série de documentos, como textos acadêmicos, livros e manuais de formação profissional, no ambiente corporativo empresarial, inclusive, em textos oficiais que instituem e implementam políticas públicas de acesso ao mercado de trabalho. Tendo em conta este contexto polissêmico, este artigo busca apresentar algumas reflexões críticas acerca da ideia de empregabilidade, tomando como pressuposto sua formulação clássica, tal como fora concebida por administradores, e a necessidade de se colocá-la em perspectiva com certas realidades socioeconômicas e culturais, fundadas em marcadores sociais da diferença, e que podem constituir posições de subalternidade para certos grupos socialmente vulnerabilizados. A posição hegemônica de que a ideia de empregabilidade se basearia na capacidade de sujeitos em criar e desenvolver habilidades e condições de se inserir no mercado de trabalho, acaba por reforçar a consciência de que os mecanismos de exclusão não se constituem enquanto fatores externos e socialmente construídos, mas sim que devam ser assimilados e internalizados como reflexo de uma má-formação, ou ausência de qualificação por partes de pessoas pertencentes a grupos historicamente discriminados. Além disso, a noção disseminada de empregabilidade retira do setor econômico a responsabilidade pela situação social em que estes grupos se encontram, colocando-o em posição de neutralidade. Ao fim, este artigo pretende expandir a ideia de empregabilidade, como uma noção mais ampla e que deva ser articulada em conjunto por distintos atores, estatais e privados, ressignificando sua compreensão neoliberal.