O conceito de gênero foi socialmente construído para se referir aos papeis, funções ou comportamentos esperados com base no idealismo de feminilidade e masculinidade, determinados social-histórico e cientificamente, a partir do sexo biológico de alguém. Entretanto, esse conceito é um produto do sistema patriarcal, que além de condicionar o gênero a binariedade, apaga qualquer outra possibilidade de existência e nos leva a experienciar uma sociedade extremamente transfóbica. Pensando em flexionar esse conceito e fazer com que os alunos de enfermagem comecem a ter pensamento crítico, foi a proposta da aula intitulada “Gêneros e saúde”. Nesse sentido, o objetivo desse trabalho é relatar a experiência de construção e condução da aula ministrada para uma turma de graduação em enfermagem na Escola de Enfermagem Anna Nery (EEAN), vinculada a Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), realizada no dia 23 de maio de 2023. O processo de construção da aula foi pensada a partir de numa perspectiva construtivista e materialista histórico dialético, e foram produzidas 24 laudas, as quais serviram como norteadoras durante o decorrer da aula, na qual fora apresentado uma nova possibilidade de compreensão de gênero sob uma ótica plural. Englobado todas as formas de existências e explicando o processo de desigualdade, iniquidades e discriminações, a partir da matriz heterossexual. Com o feedback e até mesmo a interação entre os alunos foi possível destacar a importância dessa nova perspectiva para atualizar o linguajar e possibilitar a desconstrução da generificação da assistência e produção de políticas públicas em saúde.