Este trabalho tem como objetivo discutir sobre a possibilidade de uma escola justa. Em diálogo com um dos textos de Dubet sobre uma escola justa, pretendo, informado pelas teorizações no campo curricular de Iris Verena de Oliveira, Thiago Ranniery e Elizabeth Macedo, modificar sua questão, inquirindo sobre a possibilidade de uma escola racialmente justa. Reivindico tal movimento com o campo curricular como um modo de entrada na discussão, de maneira que a própria noção de justiça não possa ser tomada como óbvia, mas como exercício especulativo de teorização curricular. Argumento no texto que a questão-título não pode ser respondida sem figurar sua dívida com o arsenal da racialidade, conceito de Ferreira da Silva. A racialidade, que é o modo de ordenamento ontológico do mundo colonial, organiza as reivindicações de justiça quanto à escola como demandas referentes a injustiças localizadas espacial ou temporalmente. Lida a contrapelo, a questão da justiça racial não é a de uma desigualdade sociológica como efeito das injustiças, mas a exposição da justiça enquanto violência ética. Cruzo, para isso, as leituras de Ferreira da Silva à carta da justiça no tarô de Waite, a itans de Ogum e de Xangô e à obra “Força de Lei” de Derrida. Assim, concluo o texto afirmando que a escola racialmente justa é impossível, porém, na mesma medida, inadiável.