O presente trabalho tem como objetivo evidenciar narrativas de identidades dissidentes historicamente marginalizadas no âmbito da Educação Matemática, em particular, identidades trans e travestis. A justificativa se dá pela importância de visibilizar corpos outros na perspectiva de produção de conhecimentos no âmbito das ciências ditas exatas. Com esse objetivo, traremos aqui a trajetória e as contribuições da educadora matemática cearense Erikah Pinto Souza, mulher trans, professora da rede pública, doutoranda em Ensino de Matemática pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, militante da causa trans e uma voz política que vem alcançando espaços antes nunca trilhados por uma identidade travesti dentro da área da Educação Matemática. Na escrita deste trabalho buscamos evidenciar o discurso dessa professora por meio do gênero textual do tipo entrevista, uma vez que pretendemos destacar a função social dessa narrativa por meio de posicionamentos de forma crítica. Elencaremos algumas de suas práticas – observando as características de subversão quanto ao regime de opressão que é imposto a um corpo trans na matemática – suas principais dificuldades para se firmar enquanto profissional e suas lutas travadas para que obtivesse êxito. Esperamos que esse trabalho seja uma evidência da necessidade de alargamento de sentidos acerca dos corpos que podem acessar espaços na Educação Matemática, assim como almejamos contribuir para a visibilização de trajetórias de pessoas de identidades dissidentes nesse campo.