As identidades trans, travestis e de identidade não-binária sofreram, ao longo da história, um processo persistente de psicopatologização, que reiteram processos cisnormativos de dominação sob seus processos de cuidado em saúde. Isso impacta na forma como os sujeitos se constituem no mundo, a partir das redescrições que os protocolos e relações sociais constringem seus processos de subjetivação. Assim, a partir de uma pesquisa ação-participativa que compõe o escopo da tese de doutorado da referida autora, busca-se compreender como os corpos não-cisgêneros se tornam sujeitos a partir de seu processo de transição de gênero. Nesse sentido, a autora investiga a atuação do mecanismo da cisnormatividade sob os processos de subjetivação das pessoas dissidentes da cisnorma e reflete sob a constituição da identidade de pessoas trans a partir de uma estratégia de pesquisa-ação e como isso opera nos processos de subjetivação – de abjeção ou de agência – de tais sujeitos. Realizou-se a transcrição dos encontros do grupo de apoio e militância, intitulado Visitrans e dados de diário de campo, analisados sob a perspectiva da Análise do Discurso em Foucault. Como resultados, destaca-se que a psicopatologização se torna um eixo condutor da produção de subjetividades não-cisgêneras, contribuindo para seu processo de adoecimento mental. A família passa a ser processo constitutivo das angústias de gênero da cisgeneridade e seu tensionamento se torna necessário para se pensar em cuidados integrais em saúde para a população trans, travesti e de identidade não binária.