A interrupção da gestação é um tema gerador de discussões, dentro e fora das esferas acadêmicas e cientificas. No Brasil de acordo com código penal a prática do aborto é considerada ilegal, permitida apenas quando a mulher for vítima de estupro, quando há risco de vida da mãe e em casos onde se comprova a não presença de cérebro no feto. O presente trabalho tem como objetivo analisar os trabalhos produzidos sobre o aborto, os discursos presentes nestes, utilizando as ferramentas analíticas do discurso, de Michel Foucault. Para a produção deste artigo foi realizada uma busca no Catálogo de teses e dissertações da Capes, utilizando o indexador aborto. As análises apontam que a pratica do aborto está presente em todas as classes sociais, todos os grupos raciais e em todos os níveis educacionais. Entretanto, tal pratica não ocorre de forma homogênea em todos os grupos sociais. A interseccionalidade é bem marcada neste contexto, onde as maiores taxas de aborto estão entre mulheres de baixa escolaridade e renda, pretas, pardas e indígenas. Cabe destacar também que o aborto é uma questão de saúde pública, entretanto tem sido tratado pelo viés da moralidade e religiosidade. Assim, sua criminalização prioriza a função reprodutiva da mulher, ao invés de priorizar e proteger a autonomia da mulher sobre seu corpo.