Este trabalho deriva da dissertação de mestrado, Masculinidade, Cinema e Currículo: investigando filmes brasileiros nos livros didáticos de História, consiste em uma investigação da produção da masculinidade a partir de cinco filmes brasileiros presentes em dois livros didáticos de História: Rio 40º (1955), O Pagador de Promessas (1962), Eles Não Usam Black-Tie (1981), Central do Brasil (1998) e O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias (2006). Partindo dos estudos da masculinidade, os conceitos de política da masculinidade e masculinidade hegemônica de Raywen Connell são centrais, assim como contribuições, no campo da educação, de Fernando Seffner e Cristina D’Ávila Reis. Seguindo com Sandra Corazza, compreendo os filmes como currículo, portanto, como uma espécie de ser falante que deseja determinadas formas de masculinidade. Enquanto o cinema é entendido como uma tecnologia de gênero a partir do trabalho de Teresa de Lauretis. Deste modo, pergunta-se: como os filmes brasileiros presentes nos livros didáticos de História articulam a política de masculinidade? Como são construídas as masculinidades desejadas pelos filmes? Inspirado pela Elizabeth Ellsworh, percebo como a produção da masculinidade a partir dos filmes ocorre por meio da necessidade deles endereçarem seu texto ao espectador, num processo que envolve um atravessamento de afetos. Apesar de uma presença frequente de características da masculinidade hegemônica, foram encontrados deslocamentos, inclusive em concomitância a reiterações. A política da masculinidade ocorre nesses filmes num jogo em que a ambiguidade opera em conjunto com opressões, violências, intimidades, carinhos e vulnerabilidades dos modos de ser e tornar-se homem.