O presente trabalho se propõe a discutir como a falta de trabalho e renda para pessoas travestis e transexuais se configuram como danos sociais e reproduzem uma violência de Estado. Entende-se por dano social os abalos físicos, econômicos, psicológicos, relativos à segurança cultural que afetam uma população e que, mesmo quando não tipificados em lei, produzem resultados que marcam subjetivamente essas vivências. Esses danos produzidos podem ser imputados ao Estado sob a forma de crimes de Estado, pois através de condutas institucionais de ação ou omissão produzem violência contínua contra essa população. Há um evidente dano social relativo à população transgênera, quando todo um coletivo de pessoas é sistemicamente violado e lhe é retirado as possibilidades de formação e crescimento, como, por exemplo: na evasão escolar, nos empecilhos colocados para alcançar o mercado de trabalho, na pobreza que assola a maioria dessa população, nos trabalhos mal remunerados e em condições degradantes como é o caso da prostituição. Uma transnecropolítica perpetrada pelo Estado que impede condições de subsistência para essa população. Trata-se de pesquisa teórica que articula as noções de dano social, violência de estado e transnecropolítica política como forma de trazer novas dimensões para o debate acerca da falta de acesso de trabalho e renda para pessoas trans.