A proposta consiste em refletir antropologicamente se a categoria Representatividade é uma possível via de compreensão da construção das identidades étnico-raciais e de gênero em Goiânia, capital de Goiás. Tendo como pano de fundo a História das Mulheres em Goiás, História e a Antropologia do Esporte no Brasil (com destaque para o Futebol). Por via do aparato teórico/metodológico da interseccionalidade, proposto pela teoria feminista negra. Em diálogo direto com a produção pioneira da antropóloga Simoni Lahud Guedes. Partirei da análise representação da figura da torcedora símbolo do Vila Nova Futebol Clube, Nega Brechó. Nega Brechó é uma dessas mulheres anônimas nas páginas da história, que desde a década de 70, se vincula a um time de futebol e que reflete, em larga medida, as dinâmicas de socialização da coletividade em que ela se insere e que ela representa. Perspectiva em acordo com o que propôs Guedes ao afirmar que “nestas redes de sociabilidade joga-se e negocia-se, para além do futebol, valores, ideias, informações sobre o mercado de trabalho e sobre locais de moradia". Pois, apesar da exacerbação dos atributos “masculinos de potência e virilidade” reivindicados por torcidas nos campos de futebol brasileiros ao longo de décadas, paradoxalmente o ato de torcer nasceu de gestualidades dos corpos femininos do séc. XX, que mobilizaram os cronistas esportivos da época a inventarem um nome para aquelas que torciam seus lenços durante uma partida de futebol: torcedoras.