RUAS, Maria Fernanda De Oliveira et al.. . Ciência e Arte do Encontro: o Rio de Braços Abertos... Campina Grande: Realize Editora, 2024. Disponível em: <https://editorarealize.com.br/artigo/visualizar/106957>. Acesso em: 22/11/2024 19:47
Este trabalho busca evidenciar como as músicas da rapper MC Luanna são potentes matrizes de produção de conhecimento, que materializam o avanço das movimentações feministas negras. Assim, teoricamente, discutimos o racismo enquanto uma violência estrutural (Almeida, 2020), que atua como dispositivo capaz de (re)organizar disposições urbanas (Carneiro, 2005), bem como, moldar subjetividades (Fanon, 1952). Depois, pensamos como a resistência à discriminação racial pode ser lida como uma aliança (Butler, 2018), que ganha expressão em produções artisticas, como o rap (Muller; Costa, 2020). Apesar desse cenário ser constituído, majoritariamente, por homens (Santos; Santos, 2012), mulheres negras tematizam quesões pautadas pelo feminismo negro (hooks, 2019; 2018; Carneiro, 2020; Akotirene, 2019), que só podem ser alcançadas por meio das vivências dessas sujeitas. Metodologicamente, acionamos o conceito de “oralituras” (Martins, 2021), a fim de compreender a performance musical da artista enquanto um saber oralizado, que emerge a partir da grafia da sua própria experiência corporal e que diz de saberes estéticos históricos, sofisticados e complexos. Nosso corpus de análise são as músicas “Derrota e Vitória” e “Vitória Larga essa Vida”. Como conclusões, entendemos que, nas canções, são mobilizadas experiências compartilhadas por mulheres negras, principalmente no que toca os âmbitos afetivos e financeiros – o abandono, a negligência e a necessidade de independência. Ainda, em ambos os casos, o término/superação aparece como resposta às violências apresentadas pela cantora, que mostra que, em uma sociedade em que mulheres negras são orientadas para serem guiadas pelo que as faltam, se escolher é um ato revolucionário.