O presente trabalho objetiva apresentar parte da discussão de uma pesquisa em andamento em acerca das afetopolíticas (Gracia Trujillo, 2023) de localização cuir e das perspectivas neomaterialistas. Parte-se, primeiramente, de um reencontro com o cuir, já torcido (Sayak Valencia, 2015) e “abrasileirado”, que distancia-se do queer americanizado, tornado sinônimo de gêneros e sexualidades, e que prevê nas políticas de localização (Pedro Pereira, 2015) seu maior fulcro. Posteriormente, nota-se que tais afetopolíticas cuir produzem - e são produzidas - por uma retomada da matéria, não por um viés materialista ou essencialista, mas na constituição discursivo-material. Deste modo, busca-se amparo no realismo agencial (Karen Barad, 2007) e na sua defesa em torno de um neomaterialismo, onde humanos, mais que humanos e não humanos (co)constituem-se em intra-ação, perspectiva esta que se aproxima, sobremaneira, do envolvimento e da confluência propostos por Antonio Bispo (2015). Percebe-se que nesta proposta de ontoepistemologia somos levades a um repensar em torno de nossas práticas de pesquisa, rechaçando os universalismos científicos e reforçando o estabelecimento das diferenças, abrindo-se à outras - talvez inimagináveis - formas de alteridade.