Este estudo analisa a construção social da noção de "loucura" em mulheres (cis e trans) e não-bináries, corpos dissidentes da cisheteronorma, destacando como as práticas colonizadoras e estruturas sociais contribuíram para essa construção subalterna. O objetivo principal é explorar como a patologização da "loucura feminina" está enraizada em sistemas de poder cisheteropatriarcais e racistas – os mesmos que colonizaram o território da Améfrica Ladina de Lélia Gonzales. A pesquisa baseia-se em uma abordagem qualitativa e documental, com referências bibliográficas de autoras como Carla Akotirene, Maria Aparecida Silva Bento e Maria Clementina Pereira Cunha, que abordam temas relacionados a feminismo, branquitude e desconstrução de estigmas ligados a corpos femininos e construção da loucura em corpos específicos. Os resultados apontam para a importância de considerar a interseccionalidade ao analisar a "loucura feminina", reconhecendo que vários marcadores como raça, classe, gênero e orientação sexual, se sobrepõem e impactam as experiências de exclusão e estigmatização em relação à loucura. A pesquisa destaca que a marginalização de mulheres negras, migrantes, pobres e LGBTQIAPN+ persiste na sociedade, tanto historicamente quanto nos dias atuais. Além disso, o estudo enfatiza a necessidade de uma abordagem interseccional para compreender as diversas manifestações de opressão e como elas estão relacionadas ao sofrimento psicológico e à saúde mental das pessoas. Isso inclui questionar as estruturas de poder que perpetuam a "loucura feminina" e reconhecer a importância de ouvir as vozes das pessoas oprimidas ao buscar uma compreensão mais profunda desse fenômeno.