O presente trabalho propõe uma reflexão sobre parte de pesquisa de doutorado em desenvolvimento sobre histórias de modos de vestir sáficos no Brasil, com o objetivo de desvelar os sentidos da aparência e das práticas de vestir para um grupo sáfico (mulheres bissexuais e lésbicas) que frequentava bares da cidade de São Paulo entre as décadas de 1970 e 1980. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica e documental com análise de registros fotográficos produzidos em 1979 pela artista Rosa Gauditano, comissionado pela revista Veja. Tais imagens serão postas em conversa com trechos de livros e fotografias da escritora paulistana Cassandra Rios, que costumava mencionar os espaços de sociabilidade sáfica da capital, oferecendo descrições de roupas e modos de vestir em sua escrita que, embora ficcional, tinha como lastro sua própria vivência. Esse material será examinado a partir dos conceitos de enquadramento e tecnologia de gênero de Lauretis (1987), matriz de inteligibilidade e performatividade de Butler (1993) e resistência de Lugones (2014). Entre os resultados preliminares, observa-se a importância da experimentação com modos de vestir femininos e masculinos para o grupo social estudado, cujos códigos do vestir estabelecem ligação especial com a construção da subjetividade sáfica, em mediação com as normas da sociedade, da moda e da comunidade de que fazem parte.