Este trabalho investiga as relações entre jovens negros do complexo de favelas da Maré, na zona norte do município do Rio de Janeiro, com o Funk Carioca. A produção desta cultura forja-se como uma forma de enfrentamento à Violência de Estado vigente no Brasil. O Funk Carioca é produzido majoritariamente por jovens negros e periféricos, entre 15 e 29 anos. São os jovens negros que majoritariamente morrem em decorrência de ações policiais no Brasil, sendo quatro de cada cinco vítimas. Neste trabalho, entendemos que a produção artística produzida por esses rapazes negros narra suas experiências, via criação musical, além de construir uma disputa no tecido social, tensionando o projeto colonial e produzindo outras masculinidades negras. Assim, realizamos um mapeamento e seleção de DJ’s, dançarinos e/ou Mc’s de Funk Carioca, entre 15 e 29 anos, residentes nas favelas da Maré, para conhecer melhor esses jovens e seu território. Analisamos entrevistas semi-estruturadas realizadas com três jovens funkeiros acerca de suas experiências criativas, percursos e inserções no território. O material foi trabalhado tomando-se como referencial a Análise do Discurso Crítica e a metodologia interseccional, pensando as articulações de marcadores de idade, gênero, raça, classe e território, a fim de se compreender as múltiplas existências que produzem o Funk Carioca nas favelas da Maré. A análise levou em consideração, ainda, revisão bibliográfica acerca da literatura existente a respeito do Funk Carioca e da juventude negra, e seus atravessamentos como Cultura Popular, Violência de Estado, Racismo Estrutural e Necropolítica.