A partir da “Live Alaíde Costa canta Johnny Alf: negra bossa nova”, transmitida em 13 de agosto de 2020 pelo canal no Youtube do Museu Afro Brasil Emanuel Araujo, reflete-se sobre negritude, gênero e afetividade suscitando pormenores musicais, midiáticos e museológicos. Metodologicamente, através das noções de corporalidade musical, de Jorge Luiz Schroeder (2006 e 2010), escrevivência, de Conceição Evaristo (2008 e 2022), e vozes negras, de Marilda de Santana Silva (2019, 2020 e 2021), analisamos como o corpo, voz e ficcionalidade, pensadas musicalmente, permitem compreender as profundas relações entre sentidos e vivências artísticas afro-brasileiras. “Com mais de cinquenta anos de carreira e dona de uma das vozes mais importantes da música brasileira, Alaíde Costa revisita as canções de Johnny Alf, numa live em homenagem ao grande pianista e precursor da Bossa Nova”, foi esta a descrição da referida live. Em certo momento de sua vida, Johnny Alf (1929 – 2010), por carta, disse: “Meu homossexualismo interfere como nuance que evidencia e policia meu comportamento junto às pessoas. É ele a ‘brisa’ do título da música; é o devaneio que inspirou a letra” (RODRIGUES, 2012; CESAR, 2022, p. 218). Neste trabalho analítico e estético referente aos dois grandes artistas negros, questões de raça, afetividade e gênero emergem em politização, vivência, estetização e ficcionalidade: constata-se que o vídeo tem mais de 15 mil visualizações, um feito interessante de visualidade, visibilidade, musicalidade e explicitações afetivas – românticas e homoafetivas – diante do “amor que não ousava - até muito pouco tempo - dizer seu nome”.