No Brasil o SUS oferece o processo transexualizador para pessoas acima de 18 anos desde 2008. Em relação às crianças e adolescentes, só em 2019 o CFM passou a autorizar o bloqueio puberal a nível experimental em centros de pesquisa e hormonização a partir de 16 anos. Em 2022 o hospital universitário Pedro Ernesto (UERJ) inaugurou seu ambulatório Identidade para oferecer atendimento ambulatorial para crianças, adolescentes e adultos trans. O presente relato de experiência tem como objetivo relatar o caso de uma paciente e discuti-lo a partir de referenciais teóricos como conceito de gênero, heterocentrismo, ciscentrismo, autonomia do paciente, despatologização das identidades trans. A.O.P, 17 anos, identidade de gênero mulher trans. Encaminhada para o Identidade pelo serviço de endocrinologia pediátrica oncológica. Paciente precisou retirar um tumor cerebral e uma das consequências da retirada deste tumor é a não produção dos hormônios pela glândula hipófise, entre eles o LH e FSH que são fundamentais para a produção de hormônios sexuais como testosterona e estrogênio. Recebeu inicialmente testosterona, mas durante o curso suspendeu medicação por incômodo com mudanças corporais e foi então encaminhada para a Identidade por se identificar como mulher trans e aí fazer a hormonização de acordo com gênero que se identifica. Como resultado podemos fazer a problematização do caso onde identificamos atendimento ainda voltado para o heterocentrismo e ciscentrismo e a necessidade de ampliar o debate, estudos para atendimento mais diverso e inclusivo.