As celebrações e homenagens à heterossexualidade fazem parte da ofensiva conservadora contrária à promoção da visibilidade política de pessoas LGBTQIA+. No Brasil, há quase duas décadas, parlamentares ligados às igrejas evangélicas têm apresentado Projetos de Lei (PL) com o propósito de criar o "Dia do Orgulho Heterossexual". Este estudo examina 17 PLs apresentados em diversas Câmaras Municipais, Assembleias Legislativas e no Congresso Nacional, utilizando a Análise de Conteúdo, na perspectiva de Krippendorf, como metodologia para interpretar as justificativas utilizadas pelos parlamentares e a masculinidade em crise como categoria analítica. Como resultados, identificamos nessas justificativas críticas ao Estado e à sociedade, pois acreditam que políticas destinadas às pessoas LGBTQIA+ e os direitos que reivindicam resultam em vantagens e privilégios em relação ao restante da população. Como estratégia de desqualificação e difamação, associam a luta política e a visibilidade social das pessoas LGBTQIA+ à promoção e estímulo à homossexualidade, acusando-as de praticarem violência e discriminação contra aqueles que se opõem à igualdade de direitos por razões morais e religiosas. Constatando que a heterossexualidade está sob ataque (da mídia, do "politicamente correto" e da "ideologia gay"), colocam-se na posição de vítimas que necessitam da proteção do Estado. Concluímos que essas iniciativas distorcem a ideia de orgulho, uma vez que pessoas heterossexuais não têm suas vidas invisibilizadas pelo preconceito ou discriminação e não sofrem qualquer tipo de violência devido à sua orientação sexual. Isso demonstra como as questões de gênero têm sido reinterpretadas e ressignificadas por grupos conservadores, restando-nos a opção de estarmos em constante vigilância, pois, invariavelmente, as ações políticas desses grupos representam retrocessos em nossos direitos.