O acesso da mulher ao espaço acadêmico no território brasileiro só ocorreu no ano de 1879, por meio do Decreto Lei nº 7.247/1879, que apesar de assegurar juntamente com a Constituição Federal (1988) a educação em todos os níveis como um direito de todos os cidadãos, nem sempre é o que observamos. Inserido dentro do escopo da pesquisa-ação e embasada na metodologia História Oral com ênfase nas “Escritas de si e aventura de contar-se” (RAGO,2013) temos o objetivo de analisar as narrativas (auto)biográficas das mulheres participantes do coletivo de mãe da UFRJ. Embasamentos teóricos e metodológicos de processos sócio-históricos associados ao feminismo liberal (FEDERICI,2018) e aos estudos decoloniais (GONZALES,2020; COLLINS,2020) possibilitará analisar o cotidiano das mães acadêmicas possivelmente atravessadas pelas “colonialidade do ser, do saber e do poder” (QUIJANO,1989) e da “colonialidade de gênero” (LUGONES,2008). Um atravessamento que ocorre por meio dos chamados dispositivos de controle, que acabam por afastar essas mulheres de muitos espaços sociais além da universidade. Portanto, a partir dos estudos acerca dos poderes disciplinares e do biopoder, (FOUCAULT,1996) podemos pensar hoje, por meio dos pressupostos da interseccionalidade como os dispositivos de gênero, amoroso e de maternidade (ZANELLO,2017), e o dispositivo da racialidade (CARNEIRO, 2003) incidem sobre a vida das mulheres mães acadêmicas com muita frequência. No entanto, reconhecer as ações e influências desses “mecanismos de expulsão” pode levá-las ao não afastamento, mas a aproximação ainda maior de espaços como a universidade, e muitos outros, que são delas por direito.