Considerando o cenário de aprovação de políticas afirmativas étnico-raciais para a pós-graduação, este estudo tem como objetivo analisar possíveis mudanças na produção acadêmica em Comunicação, observando a questão racial, mas sem dissociá-la das avenidas identitárias (CRENSHAW, 1989) e interseccionalidades (CORRÊA, 2022). Para isso, analisamos 193 trabalhos apresentados no Colóquio Discente, organizado e composto por estudantes do Programa de Pós-Graduação em Comunicação Social (PPGCOM/UFMG), entre 2019-2023. Recorremos a Lélia González para pensar a formação da sociedade brasileira e o racismo como algo indissociável sobre corpos subalternizados e que se estende às Universidades, um espaço no qual o poder e saber também estão concentrados nas mãos de grupos privilegiados, o que faz com que determinados indivíduos, que supostamente não deveriam estar ali, sejam violentados (KILOMBA, 2019). Utilizamos a metodologia da Roleta Interseccional (CARRERA, 2021) para entender quais atravessamentos identitários são acionados pelas pesquisas e pesquisadores, observando como eles interagem entre si. Os resultados iniciais mostram que o ingresso de estudantes negros varia ano após ano, ao mesmo tempo em que alguns estudos acionam o viés étnico-racial. Em termos quantitativos, o número de pesquisas com esta temática é muito menor em relação ao número de ingressantes do PPGCOM/UFMG. Em uma análise qualitativa, a partir dos conceitos de representatividade (SOUZA, 2021) e da nomeação da raça, inclusive de pessoas brancas (MOMBAÇA, 2021), percebemos que produzir trabalhos no Campo da Comunicação, desconsiderando o fator racial, pode revelar um desconhecimento ou falta de interesse pelo tema, relegando os debates, principalmente, às pessoas negras.