Stela do Patrocínio (1941-1992) é hoje reconhecida por sua poesia oral, embora tenha passado a maior parte de sua vida internada no hospital psiquiátrico Colônia Juliano Moreira, no Rio de Janeiro. Enquanto mulher, preta, pobre, empregada doméstica e, posteriormente, confinada, traz na sua poesia traços de suas vivências em meio a tantos marcadores sociais. Este trabalho apresenta parte da metodologia de uma pesquisa de doutorado em andamento, e tem como objetivo pensar criticamente a abordagem da poesia da Stela do Patrocínio como possibilidade de desenvolver uma comunidade de aprendizagem em arte. A abordagem teórico-metodológica se dá na pedagogia feminista de bell hooks. Para iniciar uma comunidade de aprendizagem, corporificar-se é um ato importante para a abertura necessária para o cruzamento de fronteiras que surgem pelo encontro com a diferença. Desta forma, a arte de Stela do Patrocínio pode colaborar para a exposição de marcadores sociais da diferença no estabelecimento de uma comunidade que pretende trazer o diálogo como meio de superação do conflito, em uma proposta pedagógica em direção a uma ruptura com o sistema branco capitalista para o ensino da arte.