O presente relato de experiência adveio do trabalho que realizo como assistente social no Centro Estadual de Referência LGBT+ Thina Rodrigues, no Ceará, desde 2021 até o presente, onde escuto diariamente trajetórias de vidas de pessoas LGBT+, e muitas questões me chamam atenção para além das demandas objetivas, sendo uma delas o vínculo familiar. Essas relações frequentemente são tensionadas e permeadas por dilemas, tendo em vista que as identidades e experiências não normativas de pessoas LGBT+ parecem não “caber” nas configurações familiares existentes. Os relatos são marcados por rompimentos, negociações, retornos e saídas “do armário”, novos vínculos, retomada de relações fragilizadas, etc. O corpo estranho monta e desmonta os vínculos familiares-nucleares no mundo social, e não sem sofrimento. Na metodologia empregada, utilizei relatos de experiência profissional e revisão de literatura teórica no campo dos estudos de gênero, queer e família. Nesse sentido, através das reflexões presentes neste artigo foi possível considerar que a questão dos vínculos familiares para pessoas não-normativas evidencia processos de exclusão e violência contra corpos e vidas que escapam.