Desde muito tempo o corpo tem sido objeto de estudo e análise nas várias áreas de conhecimento; indo da estética contemporânea ao convívio social o corpo tem passado por muitas modificações, e isso não seria diferente no cinema. Portanto, a ideia inicial da presente comunicação é entender e questionar alguns pontos presentes no filme Crimes do Futuro, de David Cronenberg. Partindo da ideia de que o pós-humano e os corpos ciborgues constroem novas narrativas sociais, tecnológicas e tecno pornográficas (Susca e Attimonelli, 2017), questionando também a realidade e a carne. Logo, ao vermos a ideia de futuro apresentada no filme é possível conectar inicialmente com o que a Haraway vai falar sobre ciborgue, principalmente no ponto em que diz que chegaríamos a um ponto que seria impossível distinguir o corpo humano do corpo máquina, e a partir dessa linha me parece interessante pensar também o abjeto (Kristeva, 1980) e os fluidos que estes produzem, pois se pelo lado da abjeção estes fluidos devem ser escondidos, descartados e evitados, no filme eles passam a ser desejados, e espetacularizados em performances artísticas. Hora, se o abjeto aqui é ressignificado, podemos afirmar que os prazeres e a dor também são, pois em um mundo onde a dor não existe mais e as práticas sexuais são agora feitas ao público, passamos a produzir novas narrativas de ser e estar em determinados espaços sociais.