A devolução dos resultados das pesquisas científicas é um compromisso ético e de respeito aos participantes, especialmente quando se tratam de pessoas socialmente vulnerabilizadas, como os homens trans. Contudo, nota-se escassez de estudos sobre procedimentos devolutivos e referências metodológicas para operacionalizar esse processo. Nesse relato de experiência pretende-se descrever as práticas adotadas em um processo de devolução de resultados de uma pesquisa de mestrado em Psicologia, de abordagem qualitativa, cujos participantes foram homens trans. A coleta de dados se deu por meio de entrevistas individuais na modalidade online, da qual participaram 15 homens trans, entre 21 e 41 anos, de quatro estados brasileiros. Para a devolutiva, todos os participantes foram convidados a participar de um encontro online individual, porém apenas cinco responderam ao contato e dois confirmaram interesse no agendamento. As devolutivas ocorreram no modo remoto, com duração média de 90 minutos, e foram gravadas e transcritas integralmente. Durante os encontros a pesquisadora sintetizou os resultados dos artigos derivados da pesquisa, solicitando reflexões dos homens trans. O processo de devolutiva mostrou-se relevante para a validação dos resultados, contribuindo inclusive para a produção de novos sentidos e reflexões acerca do tema investigado. Conclui-se que a prática da devolução de resultados de pesquisa em psicologia pode fortalecer os vínculos com os participantes, reafirmar ou reformular hipóteses acerca dos resultados obtidos e motivar a colaboração em futuras investigações, além de ser um ato de legitimação e respeito pelos direitos das pessoas trans a terem acesso ao produto de seu trabalho colaborativo.