Este trabalho tem o objetivo de refletir sobre as experiências de homens gays negros e, em particular, discutir as suas memórias e representações intergeracionais na sociedade brasileira. Parte das discussões oriundas de uma pesquisa de doutorado em andamento que discute as memórias e narrativas do futuro de jovens e velhos gays negros. Compreende-se que o curso da vida de homens negros gays é marcado por diferentes atravessamentos sociais que os alocam em situações de violência, exclusão e morte. As suas experiências demandam a intersecção dos marcadores sociais da diferença como raça, gênero, sexualidade, classe e geração. Nesse sentido, a análise interseccional evidencia a complexa e desafiante tarefa de tornar visível as singularidades no processo de subjetivação e do envelhecimento de homens gays negros. Desse modo, para compor esse debate, recuperamos as representações do corpo gay negro na mídia e nas artes, discutindo as (im)possibilidades de pensar o futuro e a velhice de gays negros para além do sofrimento e da impotência. As reflexões são articuladas com as discussões de Sueli Carneiro, bell hooks, Franz Fanon, Denise Ferreira da Silva, Castiel Vitorino e Megg Rayara de Oliveira. Espera-se oferecer reflexões que visibilizem as singularidades das experiências de homens negros gays com destaque ao discurso que se (re)produz nas memórias e ao longo das gerações de homens gays negros jovens e velhos, desvelando novos desafios para a subjetivação desses sujeitos.