O presente trabalho analisa como a mídia dos super-heróis se relaciona com a questão de gênero, sobretudo no que se refere à convencional construção da imagem de “humanos ideais” através da generificação, racialização e etnocentrização de seus personagens mais tradicionais e como isso se dá frente às demandas atuais por uma maior e melhor representação de grupos minorizados como negros, indígenas e homossexuais. Partindo dos conceitos de representação e estereótipo pensados por Stuart Hall (2016) buscou-se demonstrar como essa mídia se utiliza de determinados padrões que separam os personagens representados em binaridades que colocam de um lado os heróis como símbolos incorporadores das raças/etnias, sexualidades e papéis de gênero considerados ideais e, de outro, personagens secundários ou até vilanescos como a face do outro diferente/exótico/inadequado/marginalizado. E a partir da noção de tecnologia de gênero desenvolvido por Teresa de Lauretis (1994) discutimos até que ponto esse tipo de representação pode ser pensada como uma (re)produtora de identidades e como ela se coloca em relação a perspectiva de representatividade tão debatida na atualidade.