O presente artigo busca desenvolver uma reflexão sobre o impacto da implantação da política de cotas raciais em duas grandes instituições federais de ensino, a Universidade de Brasília e o Instituto Federal de Brasília, investigando especificamente como tem se dado nos últimos anos o processo de constituição de bancas de heteroidentificação étnico-racial, entre limitações e avanços. Para tanto, serão apresentadas duas análises, a partir de: 1. um estudo de caso de uma banca de heteroidentificação, realizada no âmbito do processo seletivo para um programa de pós-graduação na Universidade de Brasília; 2. um levantamento documental sobre as práticas do Instituto Federal de Brasília após a publicação da portaria 6/2021 – RIFB/IFB de 31 de março de 2021. As reflexões apresentadas tanto quanto ao estudo de caso quanto ao levantamento documental conduzem à ideia de que a discussão sobre colorismo, diversidade e garantia de direitos, ainda precisa avançar muito para que o processo seja conduzido com o respeito necessário, em especial à identidade da pessoa parda. Salienta-se afirmar que apesar das limitações impostas, a existência deste procedimento é um importante instrumento, desde que não seja contaminado de vícios que levam a conclusões carregadas de olhares ideologizados, representando graves riscos para a aplicação da própria política afirmativa. Vale destacar que uma decisão equivocada, proferida por comissão de heteroidentificação, provoca danos irreparáveis tanto no campo objetivo do direito individual, quanto nos aspectos emocionais e psicológicos, em especial de pessoas pardas que têm o direito à sua identidade racial negado.