Não é raro percebermos que professores e professoras da educação básica argumentam que os saberes teóricos, em muitos casos, se distanciam dos saberes práticos, advindos da realidade da sala de aula. Entre as questões colocadas, destaca-se as divergências entre ambos os campos, começando pelo seu contexto de construção. Entretanto, convém salientar, também, que essas duas dimensões não somente coexistem, como também se complementam de maneira intrínseca. Na análise das discussões acerca da autonomia inerente ao conhecimento prático do educador, bem como da relevância do embasamento teórico para conferir validade a esse conhecimento, estabelecemos um diálogo profundo com as concepções de Chartier (2007, 2010). Tal interlocução nos permite desvelar a lógica subjacente a essa dicotomia aparente, valendo-nos não somente de uma argumentação abstrata, mas também de exemplos concretos apresentados por essa estudiosa. Para concluir, fechamos a discussão evidenciando a posição de igualdade entre ambos os saberes, em detrimento a uma suposta visão hierarquizada, e destacando o papel do pesquisador mediante esse quadro.