A violência contra a mulher ainda é uma prática recorrente no Brasil, o que provoca inquietação por parte de profissionais de áreas diversas que buscam caminhos para o combate desta problemática. Face aos conflitos vivenciados por mulheres, este trabalho busca discutir questões relacionadas à violência contra a mulher negra e, para isso, vale-se da literatura como uma ferramenta de resistência capaz de levar para todos os espaços a voz e a história de mulheres que tiveram a sua vida marcada pela dor da violência. Isso posto, objetiva-se compreender como se aborda a temática violência contra a mulher, por meio da personagem Maria no conto homônimo, contido na obra Olhos D’água, de Conceição Evaristo (2015),que aborda a condição feminina a partir do conceito de escrevivência – a escrita de vivências de um corpo feminino negro. Partindo de uma abordagem qualitativa, de cunho bibliográfico, as discussões são baseadas, sobretudo, em Dalvi (2019) que elenca um conjunto de pressupostos, dentre os quais o de não ser possível desentranhar a educação (também literária) das relações econômicas, sociais, políticas e culturais amplas, e em Beauvoir (2009), responsável por questionar não somente o papel da mulher na sociedade como também a opressão feminina em um mundo cercado por concepções machistas e patriarcais. Os resultados apontam a necessidade de refletirmos sobre a vulnerabilidade e as situações de violência das quais as mulheres negras são vítimas. Essas reflexões, ao serem provocadas pela literatura e compreendidas como instrumento de (re)construção de uma sociedade, podem ampliar discussões sobre a prevenção e a desconstrução da cultura de violência contra a mulher.