A formação de professores é um campo fértil para o desenvolvimento de pesquisas científicas, sobretudo devido à multiplicidade de fatores e aspectos que influenciam a composição da identidade docente. Nessa área de estudo, diversos elementos interagem para constituir o perfil dinâmico do educador em formação. Aspectos pessoais, como crenças, valores, experiências de vida e trajetórias acadêmicas, combinam-se com fatores sociais, culturais e políticos, bem como com os métodos e abordagens pedagógicas adotadas no processo formativo. Neste artigo, apresentamos as contribuições das narrativas de si ou narrativas (auto)biográficas no processo de constituição da docência, vislumbrando conceitos-chave da Pesquisa Narrativa e propondo reflexões a partir de dois dispositivos de formação: o diário formativo e as cartas (auto)biográficas. O estudo está vinculado a uma pesquisa de doutoramento em Ensino Tecnológico, na qual o ato de contar de si ou a escrita (auto)biográfica são compreendidos como instrumentos de ressignificação de crenças sobre o ensino de Matemática. Neste artigo, buscamos sinalizar os meandros da pesquisa em andamento em articulação com os conceitos de diários formativos e cartas (auto)biográficas, ilustrando possibilidades de práticas pedagógicas com esses dispositivos em cenários de formação inicial de professores polivalentes. Conclui-se que a interação com as cartas e os diários permite a criação de um ambiente de reflexão para que os estudantes – futuros docentes – explorem suas vivências, experiências e sentimentos com a atividade professoral, desvelando possibilidades de aprimoramento profissional e (auto)formação. Ao assumirem uma postura investigativa e arqueológica em relação a si mesmos, esses professores em formação se tornam professores-autores-atores de sua própria história.