Este trabalho foi desenvolvido como parte de estágio curricular em Psicologia em uma escola particular do Recife, junto a estudantes recém-chegados ao 60 ano. A aptidão para a escrita aumenta a partir dessa faixa etária, que por volta dessa fase adquire maior capacidade de refletir sobre suas relações interpessoais, alcançando maiores condições de criar e expressar, através de palavras, algo singular a partir de sua vivência pessoal. Estudos acerca do desenvolvimento linguístico indicam diferenças de gênero como um dos fatores que podem influenciar esse processo. Há, também, concepções que apontam que, a partir dos estímulos dados às crianças, as meninas constroem sua subjetividade em torno de atributos como maior contenção e docilidade; enquanto estão associadas à masculinidade características de expansividade corporal, audácia e valentia. As brincadeiras atribuídas às meninas, mais centradas em jogos sociais e simbólicos, são mais incentivadoras do desenvolvimento das áreas motor fino-adaptativo e linguagem; em contrapartida, nos meninos, as brincadeiras mais enérgicas e voltadas para a competição e a rivalidade incentivam mais a área motora ampla. Para o presente trabalho, a coleta dos dados foi feita na sala de aula em três atividades de produções escritas propostas pela psicóloga escolar com o fito de, estimulando a autorreflexão dos estudantes, auxiliá-los em suas dificuldades na passagem para o Ensino Fundamental II. Os dados foram compostos pelos comportamentos observáveis e pelo confronto destes com os conteúdos trazidos nas produções textuais. Em relação ao comportamento, os meninos, em geral, foram mais inquietos e tenderam a acabar mais rapidamente. As meninas, por sua vez, tenderam a ser mais calmas e engajadas com as atividades. Quanto às produções escritas, os meninos escreveram menos e trouxeram conteúdos menos elaborados. Dessa maneira, foi possível verificar discrepância entre os meninos e as meninas, o que coaduna com as diferenças instituídas pela construção social do gênero.