O presente trabalho tem como propósito problematizar práticas dialógicas, realizadas nas turmas de pré-vestibular social do SESC-Nova Friburgo, que ancoram pressupostos decoloniais, através da valorização de múltiplos olhares e diálogos que se estabelecem entre as disciplinas curriculares, além do acesso e difusão de outros mecanismos culturais que trazem à tona vozes de sujeitos subalternizados. Nesse sentido, busca-se pensar em modos de ação e de reflexão, vivenciados em sala de aula, que resgatem e valorizem outros valores e saberes que rompam com a episteme centrada no universo eurocêntricos e excludente, apostando em um ensino democrático e que tem na Literatura, nas Artes, nas Ciências Sociais e Naturais espaços de diálogo e de outras representações de mundo, sobretudo, a dos povos e grupos excluídos e marginalizados, como os indígenas e negros. Ao questionar as hierarquizações instituídas pela lógica colonialista, dá-se lugar para (re)visitação de ideias e de conceitos que, conforme sustenta Mignolo, possibilitam a construção de novos saberes, assim como o resgate daqueles apagados pela dominação histórica e cultural perpetrada no Brasil. Desta forma, as atividades envolvendo os alunos apostam em tarefas multidisciplinares e multiculturais, que abarcam práticas leitoras de obras literárias que não só contemplem o cânone, ainda que se valha dele para problematizá-lo, mas também aquelas que fomentem novas e outras vozes e assim construa e requisite outras formas de subjetivação e de posicionamento existencial, político e social, além da imersão em formas artísticas propostas e protagonizadas pelos grupos marginais. Assim, apresentações teatrais e musicais, filmes, rodas de conversa e debates constituíram, portanto, importantes práticas libertárias da colonialidade do ser e de saber, de acordo com o giro decolonial defendido por Lugones, Quijano e Lander, aos quais acrescenta-se também as ideias de Paulo Freire.