A reforma do ensino médio, apresentada em 2016 pelo ex-presidente Michel Temer, tinha como proposta a modernização da educação brasileira, que estaria atrasada em relação a outros países. Em sua implantação, foi defendido que os alunos poderiam direcionar sua formação dentro de itinerários formativos, que contemplariam as principais aptidões dos alunos. Esse processo foi duramente criticado por professores e especialistas, que denunciavam que o novo ensino médio traria uma piora na formação dos estudantes de escolas públicas e por possibilitar que atores privados influenciassem a Base Nacional Comum Curricular. Esta pesquisa tem como enfoque a implantação do Novo Ensino Médio dentro dos currículos dos Estados do Paraná e Mato Grosso do Sul. Fizemos uma análise documental das bases curriculares destes dois Estados e entrevistas semi-estruturadas com professores que passaram pelas mudanças curriculares no dia a dia. A escolha de fazer uma análise comparativa se deve ao fato de os Estados terem autonomia na forma de implantar os novos currículos. Nisso, vemos um esvaziamento curricular do ensino médio em ambos os Estados, com a diminuição da carga horária das disciplinas de sociologia, filosofia e artes para dar lugar a projeto de vida e educação financeira; pela falsa ideia de escolha dos itinerários formativos, e uma entrada do capital privado na formulação das políticas educacionais, acompanhada de uma descrença com o resultado que o novo ensino médio trará para a sociedade.